quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Etnia Caduca

Para não deixar dúvidas: sou neta de italiana e  japonês (por parte de mãe), portanto, filha de mestiça com um descendente de português (meu pai), que era neto de baiano e uma mineirinha, uai. Ou seja, corre em minhas veias sangue italiano, japonês, português, africano e por aí vai. História que não difere da de vários brasileiros, que compõe a formação da identidade brasileira. Assim, os imigrantes não poderiam ser outra coisa além de protagonistas nessa formação, pois modificaram o sistema e se tornaram parte integrante da nação, desafiando ideais de como o país deveria ser imaginado e construído. Esses mesmos imigrantes criaram gêneros orais e escritos, em que as diferenças étnicas foram reformuladas para se apropriar da identidade brasileira. Muitos saíram da divisão bipolar preto e branco em busca da "brasileiridade". Apesar da brancura ter sido requisito para a inclusão do imigrante na "raça" brasileira em vários momentos, vide a campanha do "embranquecimento" dos séculos passados, o que significava ser branco mudou entre 1850 e 1950, época em que entraram no país sírios, libaneses e japoneses. Todavia, a brasileiridade nada mais é do que a união, e não mistura, de diferentes povos. Talvez por isso o brasileiro não sinta o mesmo orgulho e identificação com seu país do que o norte- americano, por exemplo. O pensamento eugênico de uma raça pura homogênea (e branca) que se infiltrou no país, inspirou essa política do "embranquecimento" e se concentrou na política oligárquica, que perdura até hoje. Desse modo, histórica e estruturalmente a Nação não se reconhece no Estado. Ou seja, sem identidade e sem representatividade (e até mesmo sem saber o que é a Nação brasileira), o brasileiro segue se indagando como dividir afro-descendentes, de brancos, pardos, índios, amarelos, etc. Quando na verdade as questões são mais profundas, além da cor da pele, envolvendo (poeticamente falando ou zeca baleiramente falando) mais a alma, suas intenções e tentativas de se inserir a algo.


Zeca Baleiro, Alma não tem cor.


Um abraço,

*A Negociação da identidade nacional, Jeff Lesser.

1 comentários:

Alexandre Marcelino de Brito disse...

Prima!! que ótimo post, parabéns!!

Infelizmente, nossa nação se encontra dessa forma, única e exclusivamente, por culpa de nós mesmos, que ao invés de nos preocupar em buscar uma alma transparente, vamos desesperadamente, juntando pilhas e pilhas de mesquinharia e prepotência!!

Frase inspiradora - "Não deixe que sua arrogância esteja aliada a sua prepotência. Nem que sua humildade esteja aliada a sua falsidade. Ambos podem representar significativas mentiras."

-Lizandro Rosberg

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P.S.: Eu acompanho seus posts há algum tempo, mas nunca tive tempo de comentar... Graças a Deus, hoje eu tive tempo !! rsrs.


Sucesso prima, beijos!!

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