Sempre acordava às seis da manhã, amargava seu café como só os bons fazem, mesmo em dia de chuva, e discutia ferrenhamente com seus irmãos quem seria incubido de lavar a mísera louça que estava em cima da pia. Depois da vitória triunfante, olhava-se no espelho e divagava em pensamentos cercados de esperança sobre um futuro bom. Logo em seguida, despedia-se de sua mãe, com o mesmo beijo rotineiro e maroto de sua infância e partia para a vida. Mas, naquele dia, em meio à discussão e aos pensamentos, deparou com uma novidade que estava escancarada em seu espelho. Percebeu que tudo havia mudado, o cabelo castanho agora era loiro, a pele rosada agora estava encoberta por pintas e os arcos escuros em volta dos olhos eram evidentes. Notou que cada nova linha de expressão escondia uma crise, uma vitória, uma experiência. Seu sorriso estava mais sutil, talvez menos sincero, e em seu olhar só observava um maior grau de miopia. O que não havia mudado eram os sonhos que, ainda assim, profetizavam um final feliz. Talvez tivesse se tornado mais persistente, mas chegou à conclusão de que apenas não havia perdido a fé. Entristeceu-se com a voraz força do tempo, mas viu em seu reflexo a possibilidade de pelo menos terminar sua história.
Um abraço,
Um abraço,
3 comentários:
Pra essas linhas de expressão e olheiras eu tenho a solução...Mary Kay...rsrsrs
Muito legal Ju. Parabéns!
Shi_marykay@hotmail.com
Ainda bem que foi depois do café, pois depois da janta poderia ser muito tarde... Me lembrou de Tiago 1. 23-24. Por vezes olhar o espelho e logo me esquecer de como sou NADA.
Paulo
O espelho e os sonhos são coisas semelhantes, é como a imagem do homem diante de si proprio...
Parabens Ju!!!
Samuel Junior (Dim)
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